Dois dias após ataque paramilitar, crianças Guarani e Kaiowá seguem desaparecidas em Mato Grosso do Sul


Passadas mais de 48 horas após um ataque violento, em ação paramilitar, contra um acampamento instalado pelos indígenas Guarani e Kaiowá na fazenda Madama, incidente sobre a terra indígena de Kurusu Ambá, as duas crianças indígenas seguem desaparecidas.

G.L.G, de 11 anos, e T.V.B, de 10 anos, sumiram sem deixar rastros em meio a chuva de tiros disparada pelos agressores, ao mesmo tempo em que era ateado fogo no acampamento indígena, queimando todos os pertences da comunidade. Os Guarani e Kaiowá não descartam a hipótese das crianças terem sido sequestradas. No ataque, por muito pouco uma criança não acabou carbonizada, como relatou nota do Ministério Público Federal, publicada no fim da tarde desta sexta-feira, dia 26.
Tape Rendy, indígena Guarani e Kaiowá desabafou: “Estas crianças se criaram aqui, conhecem bem este terreno, já deviam ter voltado. A comunidade está revoltada. Não aguenta mais a dor pelos pequenos que sumiram. Se eles levaram não será a primeira vez. Perguntem nas aldeias, sempre levam crianças”.
Após o incidente, o deputado Paulo Pimenta, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que veio pessoalmente ao Mato Grosso do Sul apurar os danos e violações causados pelos ataques e garantir a proteção dos indígenas, solicitou uma equipe de busca para encontrar os meninos. Em ação conjunta com o Procurador da República, Ricardo Pael, também garantiram a presença de aproximadamente 30 soldados da Força Nacional que passaram a atuar na segurança dos indígenas nas retomadas.
Na manhã de hoje, após a confirmação do desaparecimento e tendo-se passado mais de 48 horas do ataque cometido contra os indígenas, iniciou-se as buscas pelos dois pequenos Kaiowá. Uma equipe formada por membros da Operação Guarani da Funai e soldados da Força Nacional, buscou durante toda a manhã pelos meninos. Vasculhou todo o território compreendido como Kurusu Ambá sem, porém, obter nenhum sucesso. A equipe esteve em todas as casas, dispostas ao longo de três núcleos familiares (acampamentos) indígenas e posteriormente percorreu todo o entorno, entrando inclusive na sede reocupada pelos produtores, mais uma vez sem ter nenhum sinal das crianças.
O grupo partiu no início desta tarde para outras terras indígenas da região com esperança de que os pequenos, apavorados após o ataque, possam ter se dirigido para algumas delas procurando abrigo. A terra indígena mais próxima é Taquapery, que fica a mais de 20 km do local dos incidentes. Após Taquapery, as distâncias ganham quilômetros consideráveis.
Informações sobre as crianças desaparecidas
G.L.G, 11 anos, é filho de Mario Lescano e Eliane Gomes. T.V.B, 10 anos, e é filho de Lenivaldo Vasques e Maria Lucia Martins. Ambos da etnia Guarani e Kaiowá.

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