Sindicatos precisam formar novas lideranças para o enfrentamento do capitalismo global

 Uma análise de conjuntura por Prof. Giovanni Alves

De acordo com o prof. Giovanni Alves, doutor em ciências sociais pela Unicamp, livre-docente em sociologia e professor da Unesp, o cenário da nossa política hoje pode ser comparado com um jogo de xadrez: é preciso derrubar o Rei.  E os movimentos no tabuleiro podem mudar de acordo com a correlação de força das partes. “Não por acaso a Operação Lava-Jato muda o foco, agora o alvo não são mais as empresas, agora estão reeditando o mensalão 2, o foco é no PT e nós sabemos quem eles querem atingir, trata-se de uma dimensão estratégica”, disse.
O Prof. Giovani Alves foi o convidado para a abrir a reunião da direção executiva da CNQ, que acontece nesta terça e quarta-feira, 4 e 5 de agosto, na Cooperinca, em Cajamar, São Paulo, com a análise da conjuntura.
Caracterizando a atual conjuntura como uma das mais difíceis de se fazer uma análise, o Prof. Giovanni Alves destacou alguns elementos como a falta de preparação da esquerda brasileira para a luta ideológica e a percepção de paralisia diante de uma ofensiva política, econômica e midiática do capital.  “Temos disputas políticas no mundo do trabalho - uma esquerda que está dividida -, mas também temos disputas no interior do capital, o que nos lembra um pouco da década de 30, pós crise de 29, quando tínhamos disputa entre dois modelos capitalistas e que desembocou na segunda guerra mundial:  capitalismo fascista versus capitalismo”, pontuou.
As peças mudaram, mas a dinâmica é a mesma e é preocupante, alerta Alves. “Primeiro temos hoje o espetáculo da mídia de forma nunca vista. Mídia que representa o verdadeiro partido do grande capital – partido que dá direção, que dá pauta, que organiza a cultura”, ressalta.
O professor também citou a judicialização da política como uma importante produtora para a mídia. “O poder judiciário tem uma aura da justiça para as pessoas, o que o juiz fala é o que vale, portanto, ele é culpado. O Judiciário hoje é um campo de disputa de posição política, a esquerda e a sociedade de ter essa percepção ou não. A mídia com certeza tem no poder judiciário os elementos para fazer a espetaculização da política. Isso causa uma paralisia, a sociedade está paralisada por essa ideologia”.
Para poder fazer esse enfrentamento ideológico, o professor Giovanni aponta a importância de ter no movimento sindical brasileiro uma política de formação de novas lideranças. “O sindicalismo envelheceu e o capitalismo global tem uma dinâmica totalmente diferente do capitalismo em que se construiu as atuais instituições. É um capitalismo que moi gente, moi instituições, de uma dimensão de financialização muito profunda, não consegue mais crescer sem bolha, sem corrupção”.
E provoca a direção: “Não tem o olheiro do futebol? Vamos olhar e vamos investir no líder jovem. A esquerda tem que ter a dimensão de futuro e de acumular forças”.

Discussões da executiva
Além do debate sobre a difícil conjuntura, a executiva da Confederação irá tratar do fortalecimento do Ramo Químico da CUT com o reconhecimento oficial da CNRQ; será apresentado um balanço das campanhas salariais do 1 semestre e apresentação e debate sobre o Plano de Proteção ao Emprego (PPE).
Na manhã da quarta-feira, 5, Valter Sanches, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apresentará o Projeto de Programas sobre Petrobras, Setor Petroquímico e a importância da cadeia produtiva do ramo químico.
Finalizando os trabalhos, a executiva discutirá as contribuições do ramo ao Congresso nacional da CUT (CONCUT) e os informes sobre a realização da Plenária Estatutária da CNQ, prevista para outubro.
Fonte: Confederação Nacional do Ramo Químico
IndustriallDieese04 de Agosto de 2015Ramo Químico

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